Romance, 1977
Antonieta
pastoreia cabras em Mangue Seco e entrega-se a diversos amantes nas
dunas da região. A carola Perpétua denuncia ao pai, Zé Esteves, as
aventuras da irmã, e a liberdade da moça escandaliza a pequena Sant’Ana
do Agreste. Depois de levar uma surra de cajado, Tieta é escorraçada de
casa pelo pai.
Depois de perambular por localidades próximas,
prostituindo-se para sobreviver, Tieta segue para São Paulo, onde se
torna cafetina. Envia dinheiro à família, mas ninguém conhece seu
paradeiro. Quando a correspondência é interrompida, Perpétua conclui que
a irmã está morta. Mas após mais de 25 anos da partida Tieta regressa.
A
volta da filha pródiga revoluciona a pequena cidade baiana. Graças à
influência dela, a luz gerada pela hidrelétrica de Paulo Afonso chega a
Sant’Ana do Agreste, o que leva uma indústria altamente poluidora a
querer se instalar ali, ameaçando o destino ecológico do lugar. Além
disso, Tieta volta a povoar as fantasias dos homens e vive uma relação
incestuosa com seu sobrinho, o seminarista Ricardo.
Nesse
extenso panorama de costumes e de aceleradas transformações, muitas
histórias, vividas por numerosos personagens, somam-se à trama central. A
narrativa inclui intervenções do autor, diálogos apimentados que
registram a fala da região e descrições de hábitos e histórias
tradicionais.
Relações de poder e corrupção, religiosidade,
liberação sexual, moda e consumo, conflito entre progresso e preservação
ambiental são assuntos que, incorporados ao enredo do livro, ganham
tratamento crítico bem-humorado. Essa combinação faz de Tieta uma narrativa experimental e inovadora.
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Escrito na praia de Buraquinho, nos arredores de Salvador, e concluído em Londres em meados de 1977, Tieta faz jus ao seu título completo: Tieta do Agreste, pastora de cabras, ou A volta da filha pródiga, melodramático folhetim em cinco sensacionais episódios e comovente epílogo: emoção e suspense! O volume é uma das narrativas mais longas do autor e acompanha a história da protagonista num arco de três décadas.
No
conjunto da obra de Jorge Amado, o romance se insere entre aqueles
livros que, em tom romanesco, fazem crônica de época e de costumes, sem
perder de vista a crítica social e política. Publicado ainda no período
do regime militar, o enredo antecipa questões que se tornariam centrais
na vida do país, como a preocupação com o meio ambiente e as críticas às
relações de poder pautadas pelo favorecimento e pela corrupção. Com sua
impetuosidade e seu espírito questionador, Tieta entrou para a galeria
das grandes personagens femininas do autor, ao lado de Gabriela, dona
Flor e Tereza Batista.
O livro foi adaptado com enorme sucesso
por Aguinaldo Silva para a novela de mesmo nome que foi ao ar entre 1989
e 1990 na rede Globo. Em 1996, Tieta ganhou também versão
cinematográfica dirigida por Cacá Diegues e, em 1997, foi tema do
Carnaval de Salvador. O romance virou ainda tema de folhetos de cordel.
Disponível em: www.jorgeamado.com.br/obra.php3?codigo=12587